FÓRUM NOVAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS É POSSÍVEL?
Dia 26 e 27 de setembro debatemos e discutimos algumas possibilidades a respeito das políticas públicas em relação as drogas.
Muito foi discutindo no sentido de desconstruir o velho discurso pronto e situado no lugar comum.
As internações involuntárias como política pública central (e como um dos recursos principais na luta contra as drogas) foram questionadas, ressaltando a importância do investimento no laço social, na responsabilização da sociedade, no empoderamento do sujeito e na mudança de perspectiva ao olhar o usuário de drogas como protagonista frente a substância utilizada.
Ademais, a guerra às drogas sofreu duras críticas por parte de todos os debatedores, com ênfase no número de mortes que as atuais políticas bélicas e populistas vem causando no mundo todo. Foi ressaltado, que não se trata de liberação ou não de drogas ilícitas, mas sim de sua regulamentação, uma vez que o acesso é facilitado a qualquer substância no Brasil, não havendo efetiva proibição, mas sim uma construção segregacionista e direcionada a determinada parcela da sociedade.
Neste sentido, o fórum deixa claro que urge deixarmos o discurso moralista e hipócrita da guerra às drogas e começar a ver o problema de frente, despido de preconceito e com o foco no sujeito e na democratização de oportunidades e inserção social.
A estigmatização dos usuários e a perspectiva dualista (BEM X MAL) com que olhamos os problemas de drogas foi alvo de duras críticas durante o evento, deixando claro que não pode existir políticas de saúde no campo das drogas que parta de uma visão segregadora, diferenciadora e econômica.
Enquanto não nos livrarmos das medidas higienistas e de profilaxia não avançaremos nas políticas voltadas aos drogodependentes ou qualquer outra política social.
Não há epidemia de crack, existe sim uma epidemia de falso moralismo, tradicionalismo, preconceito e desamparo a toda classe de excluídos em nossa sociedade.
A batalha travada contra as drogas é uma batalha ideológica e assim deve ser combatida.
A cada dia que nos omitimos ou permitimos medidas opressoras e inconstitucionais contra um cidadão, enfraquecemos a democracia e arranhamos nossos próprios direitos e garantias fundamentais.
Preterir determinados sujeitos, para patrocinar a integração social pelo medo e pela eleição de inimigos públicos frágeis e desemparados e também proteger os interesses particulares e econômicos de determinadas classes parece ser o equivocado caminho que o Brasil tende a traçar com projetos de leis referentes a drogas.
Enquanto não tivermos leis e políticas que garantam a redução de danos, que considerem o problema de drogas um problema de saúde, não permitam normas que limitem ou massacrem os direitos humanos e a dignidade social, nunca conseguiremos oportunizar a todos o direito de viver em uma sociedade justa e acolhedora.
Pelo contrário, com segregação, estigmatização e rotulação patrocinamos a cada dia uma sociedade violenta e desigual, enquanto fechamos os olhos para uma guerra que derrama o sangue dos negros, pobres e desfavorecidos, reclamamos da violência que bate a nossa porta.
Nos preocupamos com o futuro de nosso filhos e nossa segurança, mas não nos preocupamos com as pessoas invisíveis, miseráveis e excluídas que somente ganham importância e visibilidade se lesionam nosso patrimônio ou quando estragam o cenário urbano de uma grande metrópole.
Enquanto penas aumentam, internações involuntárias são respaldadas por lei e mais substâncias ganham status de ilícitas, os invisíveis continuam morrendo na contra-mão e atrapalhando o tráfego, o público e o sábado.
Nada muda na política de drogas, pois apenas os desfavorecidos sofrem e morrem.
Mas enfim, esperamos que a paz derradeira venha nos redimir, de todos os equívocos que cometemos sob os auspícios de ajudar os dependentes de drogas...
Você pode se manter omisso por muito tempo...
mas não para sempre....
que Deus lhe pague....
Da esquerda para direita Rosemeire Aparecida da Silva, Flávia Fernando Lima Silva, Aldo ZaidenBenvindo, Odila Braga, Orlando Zaccone D'elia Filho, Rubens Correia Junior