O SOFRIMENTO MENTAL E A SELFIELIZAÇÃO DA FELICIDADE
O sofrimento humano, e principalmente o sofrimento mental
não pode ser tratado como um problema unicamente de saúde pública, pois na
sociedade do gozo, do consumo narcisístico, e da selfielização da felicidade não há mais o direito de luto, de
sofrer e principalmente de ser diferente, de não ser útil à engrenagem de
fabricação e principalmente de não ser potencialmente consumidor.
Assim, o
problema mental deve ser tratado na perspectiva da humanização dos sujeitos e
principalmente no cuidado e respeito ao sofrimento. A não descartabilidade de
quem não cumpre seu roteiro nesta sociedade espetacularizada é fator primordial
para avançarmos.
Em um mundo fetichizado
para o consumo e dinheiro, olhar o outro pode ser um exercício árduo para a
maioria, mas necessário se quisermos uma sociedade plural, democrática e
humana.
A mudança de paradigma passa impreterivelmente pelo investimento no laço social e fraternal em detrimento dos laços de consumo (únicos que nos unem hoje). E que tal fortalecer este laço social assumindo nossas fragilidades, mostrando que toda existência tem fissuras e o roteiro de vida falha. Ao admitir a assimetria da vida e ver beleza no diferente talvez possamos ver que os mais débeis são os que se consideram normais.
Pois não há nada mais débil que desejar a homogeneidade......