domingo, 16 de novembro de 2014

O SOFRIMENTO MENTAL E A SELFIELIZAÇÃO DA FELICIDADE




O sofrimento humano, e principalmente o sofrimento mental não pode ser tratado como um problema unicamente de saúde pública, pois na sociedade do gozo, do consumo narcisístico, e da selfielização da felicidade não há mais o direito de luto, de sofrer e principalmente de ser diferente, de não ser útil à engrenagem de fabricação e principalmente de não ser potencialmente consumidor. 

Assim, o problema mental deve ser tratado na perspectiva da humanização dos sujeitos e principalmente no cuidado e respeito ao sofrimento. A não descartabilidade de quem não cumpre seu roteiro nesta sociedade espetacularizada é fator primordial para avançarmos. 

Em um mundo fetichizado para o consumo e dinheiro, olhar o outro pode ser um exercício árduo para a maioria, mas necessário se quisermos uma sociedade plural, democrática e humana.

A mudança de paradigma passa impreterivelmente pelo investimento no laço social e fraternal em detrimento dos laços de consumo (únicos que nos unem hoje). E que tal fortalecer este laço social assumindo nossas fragilidades, mostrando que toda existência tem fissuras e o roteiro de vida falha. Ao admitir a assimetria da vida e ver beleza no diferente talvez possamos ver que os mais débeis são os que se consideram normais.

Pois não há nada mais débil que desejar a homogeneidade......